Mais de um terço das pessoas acima de 60 anos que já estão aposentadas no Brasil continuam trabalhando, os dados são de uma pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Considerando os aposentados que tem entre 60 e 70 anos, o percentual dos que continuam trabalhando sobe para 42,3%.
A principal justificativa desses aposentados é a necessidade de complementar a renda. Para muitos, a aposentadoria não é suficiente para pagar as contas e despesas pessoais, por isso, eles pensam em continuar no mercado de trabalho para manter a mente ocupada ou para se sentirem mais produtivos e ajudar os familiares.
Aos 68 anos, Cinira Pereira Lima decidiu aposentar-se como técnica em enfermagem, após ter aberto mão da aposentadoria por idade há 8 anos. Quando estava com 60 anos Ela não teve vontade de se aposentar porque ama sua profissão. “Não queria me aposentar e ficar sem fazer nada, além de ficar ganhando um salário baixo que é o da aposentadoria”, afirma. Cinira se aposentou da enfermagem com 37 anos na profissão. Mas ainda não quer parar de trabalhar e escolheu atuar como fisioterapeuta. “É uma renda a mais, afinal, não dá para ficar parada em casa”.
Diante dos empecilhos, o mais comum é que essa classe de pessoas optem por soluções naturalmente mais flexíveis para continuar a vida profissional, como buscar uma segunda carreira. Aqueles que conseguem ter uma renda a mais informal, se sustenta como pode. E para quem é obrigado a contribuir para o INSS, o jeito é adaptar-se: pagar a parte do governo e, paralelamente, tentar manter uma poupança privada. O mais importante, porém, vai além das contas financeiras: é descobrir prazer na sua profissão.
Com a aprovação da reforma da Previdência proposta pelo governo as principais alterações para quem contribui para o sistema público será o aumento da idade mínima para se aposentar que ficará 62 anos para mulheres e 65 para homens e, também a ampliação do tempo de contribuição. Já que para receber o salário integral, será preciso contribuir 49 anos. Segundo Flávio Alves, advogado do SEET, caso a reforma for aprovada “ela beneficiará somente os cofres do governo, já que a atual previdência é mais flexível quanto ao assunto de aposentadoria”.
Para Claudean Pereira Lima, presidente do SEET, é preocupante a forma como o Governo Federal está conduzindo o processo da reforma da previdência. “O Governo deveria ser responsável com políticas de valorização dos trabalhadores, bem como, na questão remuneratória para um cidadão se aposentar e ter seu merecido descanso”, afirma.