SEET

A enfermagem e o desafio do mercado de trabalho

"Enfermagem é para os fortes" - Zaylla Miranda
11/01/2019 28/01/2019 17:59 4211 visualizações

Por: Eriks Jhônata

 

Na última Semana da Enfermagem celebrada no Sindicato dos Profissionais da Enfermagem no Estado do Tocantins (SEET) foi apresentado a palestra “A enfermagem e o desafio do mercado de trabalho” ministrada pela Enf. Zaylla Miranda da Silveira, mestranda em Educação pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). O estudo palestrado aos profissionais da enfermagem objetivou compreender como graduados e recém-graduados de Enfermagem de todo país vivenciam os desafios da profissão. As pesquisas expostas mostram-se relevantes contendo dados que permanecem recentes e de grande valor cientifico.

Somente nos últimos anos, a procura por profissionais de enfermagem vem aumentando gradativamente em nosso país; a OMS – Organização Mundial da Saúde recomenda que exista um profissional para cada 500 habitantes, porém, o Brasil tem atualmente cerca de 0,9 para cada mil. Talvez por isto, o mercado tem exigido que os profissionais estejam cada vez mais capacitados para atender diferentes demandas.

Basicamente, a área da enfermagem é dividida em três grandes extensões para atuação: saúde pública, hospitalar e acadêmica. Uma quantidade significativa de recém-formados aparece no mercado a cada ano. O que pode significar uma certa concorrência por vagas, por isso a capacitação e a atualização é uma tarefa diária dos profissionais.

Vamos nos atualizar no quantitativo de profissionais. A última pesquisa inédita traçou o perfil da enfermagem, o Diagnóstico da profissão aponta concentração regional, tendência à masculinização, situações de desgaste profissional e subsalário.A pesquisa feita pelo ‘Perfil da Enfermagem’ afirma que no país é basicamente composta por um quadro de 80% de técnicos e auxiliares e 20% de enfermeiros.

O mais amplo levantamento sobre uma categoria profissional já realizado na América Latina é inédito e abrange um universo de 1,6 milhão de profissionais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área de saúde compõe-se de um contingente de 3,5 milhões de trabalhadores, dos quais cerca 50% atuam na enfermagem. No quesito mercado de trabalho, 59,3% das equipes de enfermagem encontram-se no setor público; 31,8% no privado; 14,6% no filantrópico e 8,2% nas atividades de ensino.

Os quatro grandes setores de empregabilidade da enfermagem (público, privado, filantrópico e ensino) apresentam subsalários. O privado (21,4%) e o filantrópico (21,5%) são os que mais praticam salários com valores de até R$ 1.000. Em ambos, os vencimentos de mais da metade do contingente lá empregado não passa de R$ 2.000. A equipe de enfermagem é predominantemente feminina, sendo composta por 84,6% de mulheres. Registra-se a presença de 15% dos homens.

Apresentam escolaridade acima da exigida para o desempenho de suas atribuições, com 23,8% reportando nível superior incompleto e 11,7% tendo concluído curso de graduação. O programa Proficiência e outras iniciativas de aprimoramento promovidas pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais revelaram ampla penetração, alcançando 94,5% dos enfermeiros e 98% dos profissionais de nível médio (técnicos e auxiliares) que relatam participação em atividades de aprimoramento.

Apesar dos desafios, superar as dificuldades passa a fazer parte do cotidiano, é necessário mostrar competência e habilidade técnica, além de que a realidade da Enfermagem no mundo do trabalho é diferente da teoria. Algumas dessas dificuldades são os relacionamentos interpessoal, escassez de recursos, inexperiência profissional, falta de preparo para lidar com a complexidade dos aspectos políticos de diferentes âmbitos, somados com a interferência de fatores externos. Então, como encarar essa realidade?

Os empregos e atividades que a equipe de enfermagem exerce, constata-se que 1,8% de profissionais na equipe (em torno de 27 mil pessoas) recebem menos de um salário-mínimo por mês. A pesquisa encontra um elevado percentual de pessoas (16,8%) que declararam ter renda total mensal de até R$ 1.000. Dos profissionais da enfermagem, a maioria (63%) tem apenas uma atividade/trabalho.

A dificuldade de encontrar emprego foi relatada por 65,9% dos profissionais de enfermagem. A área já apresenta situação de desemprego aberto, com 10,1% dos profissionais entrevistados relatando situações de desemprego nos últimos 12 meses.

Para Zaylla Miranda falar dos desafios da Enfermagem é muito mais que abordar do ponto de vista teórico com bases científicas. “Debatemos sobre nossas dificuldades e lutas, na oportunidade fortalecemos amizades, compartilhamos experiências, pois o público apresentou boa interação com o tema abordado, gerando reflexão e questionamentos. O momento foi espetacular, fico grata a cada um que participou, prestou sua atenção e conhecimento”, afirma.

Deve-se encarar essa realidade com coragem, desempenhando tarefas diversificadas delegando com autoridade, controlando menos, apoiando mais e se relacionando melhor com a equipe, gerando grupos mais eficientes. O mercado de trabalho é desafiador, as dificuldades no início da carreira estão relacionados ao mercado de trabalho, devido as incongruências entre os anseios do profissional e as propostas feitas pelo mercado de trabalho. Por isso há necessidade de se continuar estudando o mercado de trabalho e a profissionalização.